sexta-feira, 6 de maio de 2011

Trabalho: Reflexões do mundo contemporâneo

Por. Ricardo George de Araújo Sivlva

Estamos no mês do trabalho. Mas o que significa isso? Para muitos pode representar o máximo da dignidade humana, para outros a possibilidade de sobreviver com mínimo desta dignidade, para outros ainda, apenas representa a possibilidade de enriquecer com a energia dispensada por outros. Enfim, definir trabalho subjetivamente é muito complicado, vamos, pois tentar olhar o trabalho como socialmente constituído.
O trabalho é constitutivo do ser humano. Não há ser na natureza que não trabalhe. Na organização, os seres humanos conseguiram um feito estupendo! Qual seja: Tornar o trabalho desumano. Nossa forma de produzir elencou como prioridade o lucro, e, esse, o lucro, que deveria ser resultado secundário, passou a ter primazia nas relações sociais em detrimento das pessoas. Na verdade o trabalho visa à dignidade do lucro e não das pessoas. O trabalho na sociedade do consumo e da descartabilidade traz a felicidade para meia dúzia de pessoas que acessam os produtos feitos a custa da saúde e exploração de muitos. Parece até que estamos falando do século 18 em plena revolução industrial, mas não estamos! Denunciamos a condição do século 21. Século tecnológico e humanista. HUMANISTA! Penso que não.
O que dirá uma criança do México que trabalha de oito a dez horas por dia nas grandes multinacionais para produzir uma série de produtos que nunca terá acesso. O que dirá os operários da construção civil, das grandes capitais de nosso país e do mundo, acerca dos apartamentos por andar que constroem e, quando retornam pra suas moradas, descobrem que tem que chamar um barraco de dois cômodos de casa. O que dirá os pais operários pra os filhos quando indagados sobre o que serão no futuro. Acaso, poderão responder: - trabalhadores dignos, meus filhos, ou se calará em um silêncio obsequioso.
Não entendemos que o trabalho seja algo negativo em si. Contudo, reconhecemos neste, em nossa atual estrutura social, um mecanismo de exploração, mutilação e sacrifício para uma imensa maioria da população. Isto ocorre porque o mais importante não é o desenvolvimento das pessoas juntamente com o Estado, as empresas e a sociedade. O que mais importa na lógica louca do capitalismo é lucro. Por, isso consoante o pensador Alemão Karl Marx “o trabalho produz maravilhas para os ricos, mas produz a privação para o trabalhador. Produz palácios, mas casebres para o trabalhador. Produz beleza, mas deformidade para o trabalhador. Substitui o trabalho por máquinas, mas lança uma parte dos trabalhadores para um trabalho bárbaro e transformam os outros em máquinas”.
Chamamos a atenção para que o dia do trabalhador possa ser de descanso mas, sobretudo, de reflexão e de lutas para construção de uma sociedade mais justa em que o trabalho realmente significa dignidade de pessoas e que o lucro seja uma etapa do processo social e, não fim. Que o fim seja a realização humana.

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