sexta-feira, 1 de julho de 2011

A Cidade como experiência de um lugar.

 Ricardo George

Quando pensamos a cidade pensamos em um conceito fundamental, relacionados a ela, a saber: o conceito de lugar. Conceito este que fala do local em que nascemos, ou escolhemos para  viver, ou ainda, que nos acolheu nas circunstâncias da vida . "Lugar", é um conceito  espacial que durante longo  tempo foi utilizado  pelos geógrafos para expressar o sentido  locacional de um determinado sítio. Durante  longo tempo negado por muitas correntes de pensamento cientifico da geografia até que  a geografia humanista resolveu  fazer uso da palavra lugar como um conceito científico. De fato, esse foi um dos conceitos fundamentais para os propósitos dessa corrente, interessada em pesquisar as relações subjetivas do homem com o espaço e o ambiente. O conceito de lugar é apropriado para esse tipo de pesquisa por dizer respeito aos espaços vivenciados pelas pessoas em suas atividades cotidianas de trabalho, lazer, estudo, convivência familiar, etc. Por esse motivo, a geografia humanista define o lugar como uma forma de experiência humana, “um tipo especial de vivência do espaço”.
Milton Santos, pensador da Geografia crítica, conferiu importância teórica ao conceito de lugar ao longo do tempo. No livro A natureza do espaço, esse autor fala sobre a “força do lugar” e o qualifica como um espaço produzido por duas lógicas, a saber, a das vivências cotidianas das pessoas e a dos processos econômicos, políticos e sociais que constituem a globalização. Embora Milton Santos o faça com um olhar crítico, pois evidencia o lugar em relação com a globalização, que por muitas vezes é cruel com o modo de vida dos habitantes dos diversos lugares.
Todavia, minha intenção ao chamar o titulo desse artigo de “cidade” e tratá-lo a partir do conceito de lugar, recai sobre o zelo que devemos ter com o lugar em que vivemos. Urge a necessidade de um sentimento de cuidado com a natureza, com as ruas com as praças com a rede de serviço, mas, sobretudo, com as pessoas. Seguindo a lógica da Geografia humanista devemos valorizar as relações subjetivas com o espaço. A final, cada um entende e se relaciona com o lugar de maneira muito própria, e isto deve ser respeitado e cuidado por todos desde o poder público, aos mais diversos moradores do lugar. E de um modo geral devemos no mínimo ser gratos pelas formas de experiência humana que o lugar nos proporciona.
Aqui quero deixar minha imensa gratidão a Serra Talhada, a sua gente, a sua cultura, a sua culinária, a sua religiosidade, em fim, a seu modo de viver. Serra Talhada foi o lugar que as circunstâncias da vida me levaram a habitar, com minha família pelos últimos dois (02) anos. Uma experiência rica. Marcada de dores e alegrias, de sofrimento e aprendizagem e, sobretudo de intensa experiência da “força do lugar” com se referiu Milton  Santos em sua obra. Agora, depois de dois anos, deixo Serra Talhada, para ir ao encontro de outro Lugar. Eu e minha família viveremos novas experiências subjetivas com o novo espaço/lugar. Contudo, fica o respeito e, sobretudo, a gratidão da convivência com Serra Talhada.
Por fim, deixo registrado o apelo para o zelo e cuidado com o lugar em que vivemos, é preciso cuidar da vida cuidando do lugar, desde a estrutura do cimento armado até as relações que travamos cotidianamente. A Final o lugar é bojo onde está habitando nossa felicidade ou não. Portando, cuidemos do nosso Lugar. Obrigado a todos pela acolhida.

Um comentário:

  1. Que lindo professor, não sou de |Serra Talhada,
    mas agradeço por ter tido a oportunidade de
    estudar com o celebre Ricardo George.
    aprendei coisas importante com você que vão além de Ciências Politícas...

    Um abraço" Maria Anunciada" com insistes em me chamar rsrs

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